novembro 29, 2006

Hoje em dia já ninguém come nada que não tenha sido cagado pelo Descartes.

novembro 28, 2006

este blog não é mais que um espelho.

novembro 24, 2006

morreu o Alfredo


Chegou a hora. Tocamos à porta de casa que a nossa mãe abre prontamente. Beijamos-lhe a testa e dirijimo-nos imediatamente ao nosso antigo quarto. Na parede, descansa a nossa velha bicicleta e, algures por ali, arruma-se também o antigo projector. Mas o que realmente procuramos jaz em cima da secretária. Um embrulho vagamente arredondado em tons de castanho. Rasgamos infantilmente o papel e, abrindo a amolgada caixa de lata, descobrimos o que queremos: a antiga bobine. As luzes apagam-se agora, o velho projector volta a rodar incessantemente e as imagens surgem na parede. São pequenos cuts colados com hábil invisualidade, tudo o que sempre quisemos ver mas não nos foi permitido: descarados e prolongados beijos, cowboys (belos, altos e imortais como nunca deixarão de ser) tocando frágeis donzelas, mãos atrevidas, palpitantes lábios vermelhos, as belas curvas da praia (não as que o mar desenha). As imagens projectam-se a um ritmo cada vez mais lento. São manchas e cada um vê agora o que quer, tanto mais lento é o ritmo a que passam como maior é a vontade que tenho de me demorar demorar nelas - Jessica Lange toca os cabelos dourados, Marlene Dietrich olha-me demoradamente, Clark Gable e Vivian Leigh trocam o demorado beijo, Marylin Monroe deita-se em cima do piano, James Dean caminha sozinho pelas ruas de Nova Iorque, Churchill olha calmamente a Londres bombardeada. Já não é o censurado que desfila na parede, são os meus próprios mitos.
A fita acaba e o som do projector cessa prontamente. Enfim, cada um à sua maneira, todos fomos Tótós pelo menos uma vez na vida. Mas parece-me que este Alfredo era comum a todos.

feedback divino

São nove horas e um minuto do dia 24 de Novembro de 2006. Em resposta ao meu post anterior, o comment de Deus não tardou: mordeu-me o chapéu de chuva, cuspiu-me as calças e lambeu-me os pés por inteiro. O sopro divino desalinhou-me o cabelo.
Para além desta irrefutável prova de que Deus existe, é com agrado que posso confirmar que Ele não só existe, como lê o (Des)obstinado! Nesta célebre altura de secagem é também tempo para cordiais abraços de congratulação, palmadinhas nas costas e sorrisos rasgados para todo o staff do blog. Champanhe para a Escritora, para o Fotógrafo, e para os idos também. (Brinde) Usem-se flores na lapela, e comemore-se a condescendência do Grão-mestre católico: ele existe e lê um blog pagão! (Brinde) Troquemos mais beijos efusivos e mais abraços carinhosos, e esperemos que a Ira divina não se faça sentir nomeadamente quando a minha irmã descobrir que o chapéu de chuva era dela.

novembro 23, 2006

especulação

Prometeram-me ventos na ordem dos 120 km/h para esta noite. Ainda não vi nada.

novembro 20, 2006

candeeiro


Algures durante a madrugada de Sábado, algum indivíduo terá conduzido o seu Chevy em direcção ao candeeiro junto à passadeira, perto do meu prédio. Pouco robusto, o Chevy não fez mais que tombar a cabeça do luminoso solitário. Por sua vez (e lamentavelmente) os funcionários da câmara municipal resolveram o problema com uma merdosa prontidão que não lhes é característica.

novembro 17, 2006

Coragem

Nunca percebi bem qual a razão do fim do País relativo. No outro dia decidi ganhar Coragem, e perguntei ao estimado professor de Teorias Sociológicas a razão pela qual deixou de escrever, a razão pela qual todos eles deixaram de escrever:

"Fomos deixando de ter tempo, fomos deixando de escrever. Deixámos de escrever."


Nesse dia parecia extremamente cansado, tinha mesmo cara de quem foi deixando de escrever. Aparentemente a antiga subtileza e o arremesso alternativo com que relativizava o país não lhe sobreviveram. Parece que entretanto se inaugurou outro blog O canhoto. Não me parece mais do que um beco escuro e sujo, escrito por tipos iluminados, onde apenas se fala de politica e nada mais. Parece, no entanto, que algum do antigo separatismo Miguelista subsiste. Veremos.

Ainda assim, no futuro próximo vou pensar duas vezes antes de voltar a ganhar coragem já que esta parece estar guardada para os grandes e belos homens que povoam o nosso imaginário.

novembro 16, 2006

a love story

novembro 07, 2006




"Viva Chico Buarque de Hollanda"

novembro 06, 2006

Revivalismo

Aqui à uns dias a minha mãe decidiu comprar uma máquina de lavar roupa nova. Foi com alguma tristeza que vimos partir a velha AEG de 27 anos. É de louvar a razoabildade e o poder argumentativo da máquina. Nunca deu de si por sua culpa. Segundo a minha mãe a culpa era sempre nossa, ou sujávamos demasiado a roupa ou sujávamos demasiada roupa. Certo é que pelo menos uma vez por semana a máquina bloqueava o centrifugador e começava aos saltos em direcção à parede da janela. Talvez tenha sido pela coerência dos seus actos que a máquina se manteve por cá tanto tempo. Enfim, tornou-se familiar: já nem mesmo o cão estranhava o constante e frustrado ímpeto suicida.

novembro 02, 2006



"Está calor, estou bêbado e viva o Celtic"