troça
Apesar da nossa saudável relação o meu cão raramente dorme a sesta da manhã no meu quarto. Prefere o conforto feminino do quarto da minha irmã, a segurança maternal do quarto dos meus pais ou até mesmo a frieza e a sombra profundas do corredor cá de casa. Nunca dorme aqui. Hoje, para meu espanto, o meu cão deitou-se no meu tapete. Aí adormeceu, já vai para uma hora. Gosto de o ter aqui, obviamente, e gosto mais ainda do acto sacana e trocista. Enquanto eu me mortifico a decorar cálculos frios para um dos mais difíceis exames da época, o cão dorme uma soneca amena, em claro acto de troça e provocação. Talvez saiba que num dia normal me juntaria a ele, e dormiriamos os dois no tapete. Não, prefere fazer-me pirraça da mais baixa. Ainda assim gosto da atenção, da companhia e da ideia. Talvez lá para dia 15, findo o meu segundo ano de faculdade, pegue numa toalha, nuns óculos de sol, num bom livro e no cão, e me vá deitar no relvado da faculdade. Quem sabe isso não sirva para motivar a escrita dos pobres que ainda têm que sobreviver a uma segunda fase de exames.
Entretanto, o cão ainda dorme.
Entretanto, o cão ainda dorme.
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